Um Guardião (Quase) Silencioso: uma análise do papel que o STF julga ter na separação de poderes a partir de algumas decisões sobre direitos fundamentais

Pedro Gonçalo Ventura Alves de Souza

Pedro Gonçalo Ventura Alves de Souza

A monografia discute como o STF lida com a questão de seu papel na separação de poderes em alguns casos paradigmáticos envolvendo direitos fundamentais de primeira geração. Existem apontamentos da doutrina sobre a existência de ativismo judicial, muitos questionando a legitimidade deste protagonismo assumido por um poder não eleito, e sobre a legitimidade da própria existência do controle de constitucionalidade. Diante desse quadro teórico, busco analisar, a partir de decisões selecionadas, qual papel o STF julga ter na separação de poderes e, partindo da hipótese de que a jurisprudência estaria marcada por uma “retórica do guardião entrincheirado”, isto é, pela invocação constante da ideia de que a corte tem legitimidade para tomar suas decisões por ter a missão quase messiânica de guarda da Constituição contra-ataques de outros poderes, avaliar se tal fenômeno é verificável nos casos. Como resultado, aponto que, mesmo nesses casos paradigmáticos, os ministros do STF pouco discutem o papel da instituição na separação de poderes. Concluo que, nas raras vezes em que surgiu a discussão sobre o papel da corte, de fato foram invocados papéis que relacionam a legitimidade do STF com a guarda do Direito Constitucional. Por fim, também concluo que todos os ministros que invocaram argumentos relacionados à ilegitimidade do STF para tomar uma dada decisão por conta de seu espaço na separação de poderes em um caso acabam por se contradizerem em outros, o que sinaliza um possível uso retórico do argumento de incompetência da corte.

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